Caríssima
já passaram mais de vinte anos desde que te encontrei pela primeira vez - linda desconhecida! Misteriosa, calorosa, encantadora, durante uma longa viagem nocturna de comboio embalaste-me sem eu perceber nada, enfeitiçada pelo teu charme.
Entretanto aprendi a perceber-te, mas nem sempre nos entendemos uma à outra.
Musical, vaga, sem se querer fixar, capaz de dizer tudo e nada, deixaste o rigor rígido e matemático da tua mãe. Quente e cheirosa como a terra dos teus avós, és um jardim de flores e perfumes, de luzes e atmosferas.
Companheira mais de poetas do que de filósofos, tão viajada e descobridora de novas terras e ao mesmo tempo tão pouco conhecida no mundo, abriste-me a porta ao gosto pela poesia. Contigo um poema torna-se numa rica tapeçaria de sons e imagens, a tua magia torna qualquer expressão numa linda canção que não precisa de acompanhamento instrumental. Até tristezas e saudades parecem bonitas sob o teu encanto.
Tenho pena quando vejo o que te fizeram os doutores de Coimbra, que te fecharam nos segredos das prisões académicas, controlando e censurando o teu desenvolvimento natural. Mas tu és mais forte, tens tantos amigos pelo mundo dentro e fora, poetas, escritores, músicos - pessoas que sem ti não conseguem viver, que não te deixam atrofiar nesse espartilho empoierado, arrogante e sem futuro.
Querida minha doce e meiga fofura, que me vais embalar para o resto da vida ... obrigada por seres também a minha companheira.
cb/2006
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É muito bonito o que escreveste.
ResponderEliminare fiquei contente por estares também a "postar" :)
um beijinho
Gábi